segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Primeira página do meu livro

Capítulo um – De volta


Cada vez que eu passava por ele, nem sequer olhava pra mim e muito menos, me notava. Eu fico me perguntando “Será que se esqueceu de mim? Ou será que já não me ama mais?” Bom, parece verdade porque tenho quase certeza que nem se lembra que um dia eu estive na sua vida. O vento batia no meu rosto como um chicote. Meus cabelos voavam e voltava-se para minha face. Ali, parada, vendo-o, ele reagia como se nada tivesse acontecido. Era tão bom vê-lo toda manhã, mas, ao mesmo tempo era tão difícil suportar apenas vê-lo. Umas lágrimas surgiam nos meus olhos, não era fácil ignorá-las. Ao contrário, cada vez ficava mais difícil. Mas, eu não choraria na rua por causa de um cara que não dava à mínima pra mim. Por um cara que me esqueceu tão fácil quanto uma criança esquece-se de chorar quando recebe um pirulito. Eu não deveria ficar tão tristonha assim, aliás, ele parecia nem se importar com tudo o que aconteceu. E eu, ali, sofrendo. Chorar?Ah, não! E se ele, ocasionalmente, me visse?Eu não gostaria que ele reparasse em mim quando eu estivesse com aparência horrenda. Eu não faria isso, não choraria. Nenhuma garota faria certo? Toda vez que o via eu lembrava da reação dele diante daquilo. Eu preferia morrer a perdê-lo. Eu ainda o amava e o perdi. Não foi culpa minha! Ele apareceu no momento errado e no lugar incorreto. Quando me virei para olhá-lo naquele dia, seus olhos retratavam tristeza e traição. Eu quase surtei quando ele deixou a nossa aliança de compromisso com uma pequena rosa. Logo vi um bilhete do lado onde estava escrito assim:

Estou terminando com você. Esta rosa é só pra lembrar que foi bom enquanto durou.
                                               Simon Boulevard



Tenho as alianças até hoje guardadas numa gaveta do meu guarda-roupa que é chaveada. Nunca mais as toquei e não pretendo fazer isso tão cedo. Ah, e outra coisa! Sabe o que ele falou quando me olhou com aquele olhar que te faz querer abrir um buraco em baixo de si e se enfiar? Isso “Como você pôde?”. Quando ele falou isso eu quase berrei, mas, nada saia. Fiquei sem voz. Minha garganta sufocou. Não consegui mexer um membro do meu corpo que fosse. Paralisei. Depois daquele dia, eu apenas o via quando ia para o trabalho e mesmo assim nunca mais nos falamos. Só que o pior era que já era tarde demais. Não havia nada a ser feito, além de vê-lo entrar no trabalho. Nem mesmo chorar no meio da rua, na frente de todo o mundo iria o trazer de volta pra mim. Eu sabia que ele nunca mais me olharia, ao menos, não como mulher.

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